24 de junho de 2025
Alemanha e Itália sofrem pressão para tirar ouro que está nos EUA

Alemanha e Itália sofrem pressão para tirar ouro que está nos EUA

Alemanha e Itália enfrentam apelos para retirar seu ouro de Nova York após os ataques do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) e a entrada do país no conflito entre Israel e Irã.

Os alemães e os italianos têm, respectivamente, a segunda e a terceira maiores reservas de ouro do mundo, com 3.352 e 2.452 toneladas cada, segundo dados do Conselho Mundial do Ouro.

Os dois países só estão atrás dos EUA e ambos dependem fortemente do Fed como custodiante, cada um armazenando mais de um terço de seu ouro nos EUA. Juntos, o ouro armazenado em solo americano tem um valor de mercado superior a US$ 245 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão), segundo cálculos do Financial Times.

Na Alemanha, a ideia de repatriar o ouro armazenado nos EUA está atraindo apoio de ambos os extremos do espectro político.

"Precisamos abordar a questão se armazenar o ouro no exterior se tornou mais seguro e estável na última década ou não", disse Peter Gauweiler, um proeminente ex-deputado conservador da União Social Cristã da Baviera.

A Associação de Contribuintes da Europa enviou cartas aos ministérios das finanças e bancos centrais da Alemanha e da Itália, instando os formuladores de políticas a reconsiderarem sua dependência do Fed como custodiante de seu ouro.

"Estamos muito preocupados com Trump interferindo na independência do Federal Reserve", comentou Michael Jäger, presidente da associação. "Nossa recomendação é trazer o ouro [alemão e italiano] para casa para garantir que os bancos centrais europeus tenham controle ilimitado sobre ele a qualquer momento", completou.

O Bundesbank disse ao Financial Times, em um comunicado, que "avalia regularmente os locais de armazenamento de suas reservas de ouro" com base em suas diretrizes de 2013, que se concentram não apenas na segurança, mas também na liquidez para "garantir que o ouro possa ser vendido ou trocado por moedas estrangeiras, se necessário".

O Banco da Itália e o gabinete da premiê italiana, Giorgia Meloni, se recusaram a comentar o assunto.

Folha de S.Paulo
Página: A27