Paula Gama
Na manhã desta terça-feira (1º), a BYD abriu oficialmente os portões de sua nova fábrica em Camaçari (BA), cravando um marco na história da indústria automotiva brasileira: foi ali que saiu da linha o primeiro carro da marca montado em solo nacional, um BYD Dolphin Mini. Embora ainda em fase de testes, o feito não deixa de ser simbólico.
Instalada nas antigas instalações da Ford, a linha de produção baiana ocupa um terreno de 4,6 milhões de metros quadrados, no qual um primeiro galpão de 156 mil m² foi inaugurado.
Para efeito de comparação, toda a fábrica da Ford, em sua operação plena, tinha 180 mil m² de área construída. A marca promete que, quando totalmente concluído, o novo complexo da BYD contará com 26 galpões, pista de testes e tecnologia de ponta, com potencial para gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos.
Inicialmente, os veículos serão montados sob o regime SKD (Semi Knocked Down), um modelo produtivo em que os carros chegam parcialmente montados da China e são apenas finalizados localmente. Isso inclui a instalação de componentes como baterias, vidros e acabamentos, mas ainda não envolve processos como soldagem, pintura ou estamparia.
A expectativa, segundo a BYD, é que a operação evolua gradualmente para o regime CKD (Completely Knocked Down), em que os veículos chegam totalmente desmontados. Essa mudança permitirá uma nacionalização mais robusta da cadeia produtiva, com geração de mais empregos e conteúdo local.
Primeiros BYD nacionais
O Dolphin Mini foi o primeiro a entrar na linha de montagem baiana, seguido pelo Song Pro, híbrido que deverá ganhar motorização flex exclusiva para o mercado nacional. Um terceiro modelo, o BYD King, também está nos planos para produção ainda em 2025.
Dentre as novidades, está o desenvolvimento de um motor híbrido flex, o 1.5 DM-i, projetado e construído em parceria por cientistas chineses e brasileiros.
Ao todo, a fábrica terá capacidade inicial para montar 150 mil veículos por ano, podendo dobrar esse volume para 300 mil em uma segunda fase.
Com investimento total anunciado de R$ 5,5 bilhões, a BYD já aplicou R$ 1,4 bilhão no projeto. Até agora, mais de mil funcionários brasileiros foram contratados diretamente, e outras 3 mil vagas devem ser preenchidas até o fim de 2025. A empresa também homologou 106 fornecedores nacionais, incluindo a Continental Pneus, vizinha da nova fábrica.
Primeiros robôs já foram instalados no complexo industrial da marca chinesa na Região Metropolitana de Salvador (BA) Imagem: DivulgaçãoA chegada da BYD marca um momento importante para Camaçari.
Desde o fechamento da Ford, em 2021, a cidade aguardava um novo impulso econômico. Agora, além da produção de veículos, o complexo abrigará centros de pesquisa, laboratórios de motores e outras estruturas de apoio à mobilidade elétrica.
"Estamos fazendo história e colocando a Bahia, mais uma vez, no centro das atenções de todo o mundo quando o assunto é desenvolvimento e transição energética", declarou o governador Jerônimo Rodrigues (PT).
O vice-presidente sênior da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, respondeu aos questionamentos da indústria sobre a real nacionalização da produção.
"O que estamos inaugurando aqui hoje não é apenas uma linha de montagem. É geração de tecnologia, é desenvolvimento no Brasil, feito com cérebros e mãos brasileiras. Nossa missão tem compromisso com empregos, com formação de talentos, com a economia"
Uol
https://www.uol.com.br/carros/colunas/paula-gama/2025/07/01/byd-inaugura-fabrica-no-brasil-e-revela-seu-1-carro-eletrico-nacional.htm
